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Impaciência Crónica

Crónicas quinzenais sobre temas diversos e profundos, mas mais pró leve.

Impaciência Crónica

Crónicas quinzenais sobre temas diversos e profundos, mas mais pró leve.

Presentes para quem gostaríamos de ser.

Tms, 15.12.24

Que tipo de prendas é que oferecem a vocês próprios, no natal?

Quando faço anos, em Fevereiro, ofereço-me coisas que gosto mas, no natal, tenho o hábito de me oferecer coisas dirigidas a quem gostaria de ser. Por exemplo: Gostaria de ser alguém que lê mais, por isso ofereço-me um e-reader. Gostaria de ser alguém que faz mais exercício, por isso ofereço-me um fato de treino novo. Gostava de ser alguém que desenha, por isso compro um caderno novo. 

Acho que tem a ver com a proximidade com o ano novo. Ano novo traz resoluções, novos começos, novas oportunidades. As prendas de natal tornam-se quase um incentivo para podermos ser como achamos que devíamos ser: mais cultos, em melhor forma, mais produtivos...

O nível de sucesso varia: sim, leio mais; sim, faço exercício regularmente; não, não desenho tanto quanto gostaria. 

A taxa de sucesso não é irrelevante mas, acredito, o mais importante é o entusiasmo pela vida, por fazer coisas novas. Sim, umas quantas prendas ficam a ganhar pó, mas outras são usadas, e isso é melhor do que nunca arriscar! 

Ou isso ou estou a tentar muito justificar a minha prenda deste ano. Quem sabe?

Vemo-nos por aqui.

Agora sim: soltem os Rodolfos!

Tms, 01.12.24

O natal é cada vez mais cedo!

Esta afirmação, para além de banal e consensual, é também ela proferida cada vez mais cedo, a cada ano que passa. Não fosse o halloween, esta data culturalmente colonizadora que veio acabar completamente com o Dia de Todos os Santos, tenho ideia de que as lojas estariam a vender parafernália natalícia em inícios de Outubro! No verão é bikinis, em Setembro temos o regresso às aulas e em Outubro podia-se meter já o natal. Felizmente temos um festejo americanizado pelo meio, para sustentar o elã do capitalismo (ufa, foi por pouco). 

Sim, porque se trata tudo de vender. Infelizmente o Dia de todos os santos não vende máscaras ou doces (especialmente porque as crianças nunca ouviram falar do Pão por Deus) e o São Martinho não vende mais do que castanhas e vinho... Mas toda a gente conhece o natal! O natal vende brinquedos e comida e bebida e tudo e tudo e tudo. 

Agora, com o inicio de Dezembro, já não fico satisfeito com a chegada do natal, mas sim com a sensação de que finalmente chegámos ao mês em que devemos pensar no natal! Agora sim: soltem os Rodolfos! Galopem ao som da Mariah Carey, rumo ao consumismo!

Vemo-nos por aqui.

O que sucede o sucesso?

Tms, 15.11.24

Vocês costumam estabelecer metas para vocês próprios? Atingir um determinado peso, acabar de ler um livro grande, correr uma maratona, ser promovido para um determinado lugar ou ganhar um determinado ordenado... Como se sentem depois de atingir essa meta? Satisfeitos? Realizados?

Recentemente atingi uma meta profissional, depois de 5 anos de trabalho. Nestes 5 anos vi a minha meta a ser ultrapassada por outros, desanimei, pensei em desistir, senti que não valia a pena... mas, ainda assim, persisti e consegui!  E agora... não me sinto realizado. Sim, atingi a minha meta mas... e então? Como escrevi acima, já outros atingiram e ultrapassaram essa meta! Como posso relaxar e regozijar-me com os louros do meu trabalho quando ainda tenho um caminho tão longo a percorrer? Como posso ficar satisfeito com o que atingi quando outros foram ainda mais além?

Mas Calma! Porque é que outros terem ido mais além retira o mérito de ter chegado até aqui? Como é que as conquistas dos outros diminuem as minhas? E para quê obrigarmo-nos a fazer algo se não nos der uma desculpa para sorrir e sentirmo-nos satisfeitos connosco próprios? 

É sempre possível ir mais além e isso é bom, se aproveitarmos para ir festejando as nossas pequenas vitórias. Não há um grande objectivo final, porque isto só acaba de uma maneira, e é igual para todos (spoiler alert! Toda a gente morre). Até lá temos de aproveitar todos os motivos para nos orgulhar-mos de nós próprios e para sermos felizes.

Vemo-nos por aqui.

Eclipses da mente

Tms, 01.11.24

Já conheceram alguém brilhante? Não literalmente, claro, mas em termos de inteligência! Alguém que parece ter bebido do poço da sabedoria, que todas as palavras que profere parecem dizer mais do que dizem, tudo o que lhe sai da boca é interessante e acertado... E já vos aconteceu presenciarem essa pessoa a, sem qualquer aviso prévio, dizer algo indiscutivelmente estúpido? É triste, não é...

É a isso que eu chamo de eclipses da mente - quando uma mente brilhante é completamente ofuscada por uma estupidez que lhe saiu pela boca. Pode ser uma opinião ignorante, uma atitude indelicada ou apenas não pronunciar uma palavra correctamente. Seja o que for, é um ponto de não retorno, manchando tudo o que aconteceu anteriormente! Começamos a questionar todos os conselhos que seguimos, todas as "baboseiras" que repetimos... Senti-mo-nos insultados, até, como se tivéssemos sido vitimas de um logro. "Eu pensei que ESTE era inteligente?" Pensamos, desiludidos. Dá vontade de espalhar a mensagem, gritar ao mundo "Não se iludam, ele afinal é estúpido!", para evitar que mais inocentes caiam na esparrela!

Ninguém é perfeito mas, por momentos - minutos, horas, dias ou anos -, pensámos que sim e voltar à realidade é duro.  A verdade é que uma estupidez, por maior que seja, não invalida todas as outras vezes em que essa pessoa disse algo coerente e lógico. Todos erramos, não há seres iluminados possuidores de todas as verdades e, se acreditámos que sim, talvez também tenhamos cometido uma estupidez...

Vemo-nos por aqui.

Chip Tok

Tms, 15.10.24

A tecnologia é uma coisa fantástica... e assustadora.

Este ano foi realizado o primeiro implante de um chip no cérebro de uma pessoa. Felizmente parece que correu bem! O individuo é tetraplégico e, graças ao implante, agora consegue controlar o computador com o pensamento (o que acredito que dê jeito, uma vez que não tinha muitas outras opções). Acho que é fácil argumentar a favor destas tecnologias: devolve mobilidade a quem não a tem (em parte, pelo menos), dá também novas capacidades de comunicação (pensem como o Stephen Hawking comunicaria, se tivesse algo assim), como também pode ser usada para monitorizar a saúde do utilizador (como um smartwatch, mas no cérebro).  Correndo tudo bem, pode ser algo que ainda venha a ser acessível (e, até, banal) ao utilizador comum, durante a nossa estadia neste planeta. Quem nunca imaginou poder mudar de canal com o pensamento ou escrever um documento sem ter de mexer um dedo? Tantas doenças que podiam ser prevenidas ou controladas por uma análise constante, em tempo real! (acho eu, sei lá, não sou médico) E quem precisaria de escola quando teria acesso a toda a informação do mundo na sua cabeça (powered by Google) ??

Esquecendo que ainda é uma tecnologia muito experimental, porque não se faz grande ideia dos efeitos que possa ter a longo prazo, tenho duas grandes preocupações em relação a tudo isto (BUUUUUU - pensam vocês).

1) Segurança - Se já somos espiados constantemente pelos nossos telemóveis, com todos os nossos dados a serem recolhidos para venda, imaginem o que aconteceria se recolhessem os nossos pensamentos! Claro que tentariam impor regulamentação, mas o que não falta hoje em dia são escândalos de empresas que recolhem os nossos dados sem autorização.

2) Zombificação - Quantas vezes não ficaram a ver tiktoks/Reels durante mais de uma hora sem se aperceberem? Agora imaginem se tivessem acesso a esse tipo de conteúdos directamente no vosso cérebro! Quantos acidentes não há porque o condutor estava a olhar para o telemovel? Acredito que era uma questão de tempo até que as pessoas não vissem mais nada a frente... Literalmente! A humanidade ia ser uma cambada de zombies, a arrastar-se por aí, olhos focados no vazio, num scroll infinito...

Ou pode correr tudo bem, sei lá, não sou médico...

Vemo-nos por aqui.

 

O grito do empirismo

Tms, 01.10.24

No outro dia,  estava eu a fazer conversa de circunstância com um individuo cujo nome não me recordo (chamemos-lhe Guilherme Duarte, mas que fique claro que não era o humorista, que nem o conheço... mas sou fã), aquando decidi relatar-lhe uma situação banal mas ligeiramente engraçada que me havia acontecido.  Contei a breve (e irrelevante) história, inocentemente, com o intuito de preencher o silêncio e,  talvez, arrancar-lhe uma gargalhada ou duas... mas não estava preparado para o que se seguiu. 

Então não é que Guilherme Duarte (mais uma vez, outro, não o humorista... mas sou fã) solta uma pequena gargalhada de aprovação mas, de seguida, profere a seguinte frase: "Isso é verdade, porque também já me aconteceu."

Eu fiquei lívido, meus amigos! "Isso é verdade, PORQUE também já me aconteceu"?? Não! A verdade não está dependente das tuas experiências pessoais! Há toda uma panóplia de coisas que aconteceram e acontecem no mundo, mas que nunca te acontecerão, como: a elaboração da teoria da relatividade, a descoberta da cura do HIV ou sexo consensual. 

Eu quis explicar-lhe isto tudo, calmamente, enquanto lhe batia com um jornal enrolado no nariz, mas não consegui reunir forças para tal. Estava demasiado abalado. Na cara de Guilherme Duarte (peço desculpa se chegaram aqui por pesquisarem "Guilherme Duarte humorista" no Google, não é o mesmo desta história e não sei em que estava a pensar mas, definitivamente, não era conseguir clicks com esta pequena confusão... mas sou fã) via todos os que acreditavam que a terra é plana porque clamam nunca terem visto a curvatura da terra, todos os que diziam que a covid não existe porque nunca apanharam, e todos os que se recusam a acreditar na inocência de José Figueiras no que toca aos atentados de 11 de Setembro de 2001!  

Engoli todos os meus argumentos, pois percebi que não haviam palavras suficientes para convencer aquela pessoa do que quer que fosse. Derrotado, retirei-me de cena, e sofro ainda hoje.

Vemo-nos por aqui. 

Auxiliares de matéria

Tms, 15.09.24

Estamos, finalmente, na altura em que os pequenos diabretes que amamos e chamamos de filhos regressam para a escola!

O regresso às aulas pode ser, simultaneamente, um alivio e uma fonte de dores de cabeça. Um alivio porque os pais podem finalmente descansar da correria e agitação drenante que é ter crianças com demasiado tempo livre (nem que seja na meia hora a caminho do trabalho); uma fonte de dores de cabeça porque chegam a casa com os temíveis "trabalhos para casa".

Os trabalhos para casa não são só chatos para as crianças, que querem sair da escola e brincar, mas também para os pais, que querem sair do trabalho e brincar! Em vez de brincar têm uma(s) hora(s) de "Como é que isto se fazia?..." e "Não me lembro de nada disto...", enquanto tentam passar uma imagem de sabedoria para as pequenas criaturas que vos idolatram e vos têm como referência para tudo. Giro não é?

As boas notícias é que, se o vosso pequeno anjo endiabrado estiver no primeiro ciclo, há uma maneira simples e divertida de rever a matéria: A Sala do Girassol. É só visitar o canal e pesquisar a matéria!

Se calhar até já conheciam, uma vez que não é incomum os professores aconselharem os alunos a visitar o canal mas, no caso de não conhecerem, fica a apresentação abaixo:

Há videos novos regularmente, por isso não se esqueçam de subscrever, para não perderem nenhum! Espero sinceramente que transformem momentos de confusão em aprendizagem e diversão!

Vemo-nos por aqui.

O dilema dos dejectos

Tms, 01.09.24

Depois de muita ponderação, cheguei a conclusão de que não haveria melhor tema para abordar, aquando o meu regresso, do que o chamado "cocó"! 

Não se trata de um cocó metafórico, nem de uma tentativa de fazer humor escatológico (que, pessoalmente, nem acho grande piada) para atrair um público mais infantil mas, sim, de um dilema que pode DIVIDIR A SOCIEDADE! (TAM TAM TAAAAAAAAM)

Antes de o apresentar, permitam-me que confesse: eu tenho um cão, mas nem sempre apanhei o cocó do meu cão. Eis como o justificava, para mim e para os outros:

  1. 99% das vezes as necessidades são feitas na relva, longe do caminho dos transeuntes.
  2. Então, mas o cocó não é biodegradável? É uns dias e desaparece...
  3. Para onde vai o cocó que as pessoas apanham? É melhor haver montanhas de cocó num aterro qualquer??

Mas, depois de vários anos, fui convencido a realizar a apanha do cocó com os seguintes argumentos:

  1. Ah e tal, é uma questão de higiene pública e responsabilidade social.
  2. Então e se uma criança estiver a brincar na relva e mexer no cocó? Pode apanhar doenças!
  3. AS CRIANÇAS, MEUS DEUS, SALVEM AS CRIANÇAS!!

Com argumentos tão poderosos (especialmente o ultimo) não consegui, obviamente, ficar indiferente.

Procedi, então, à apanha do cocó diária até que, um dia, sucedeu algo que julgava pouco provável: o meu cão fez cocó em cima de outro cocó que jazia no jardim! Claro que não iria apanhar apenas o cocó do meu cão, deixando o outro cocó à mão de semear de crianças inocentes! Acho que ninguém faria uma monstruosidade dessas! Mas deixou-me a pensar...

Eis que surge o dilema: e se o cocó de outro cão estivesse imediatamente ao lado do cocó do meu cão? Não o deveria apanhar, PELO BEM DAS CRIANÇAS? E tivesse de me esticar um bocadinho, era um sacrifício assim tão grande, pelo bem comum? E se tivesse de dar um passo para apanhar outro cocó, custava assim tanto?

Se estamos a falar de responsabilidade social, de estarmos a fazer algo para uma sociedade melhor, um futuro melhor... qual é o limite? A partir de que momento deixamos de ser boas pessoas e passamos a ser palermas a apanhar cocós pela rua acima? Claro que, se todos fizessem a sua parte, cada um só se tinha de preocupar com os dejectos do seu próprio cão, mas é por outros serem irresponsáveis que nós temos de o ser?

Poderem sobre o assunto, partilhem com familiares e amigos, para que, juntos, consigamos chegar a uma resposta... PELAS CRIANÇAS!

Vemo-nos por aqui.

Uma escritora fortemente subvalorizada

Tms, 15.08.24

Já têm saudades dos meus textos tolos? Ainda vão ter de esperar mais um bocadinho... O texto desta semana é da autoria de Fábio Cardoso, um velho amigo e companheiro de escrita. Sempre que tenho uma ideia para um projecto louco, é com ele com quem vou falar para escrever e desenvolver a história! (como, por exemplo, o Projecto Zayin )

                                                                                         

Ora viva, leitores. Primeiro que nada quero agradecer ao dono deste estaminé pela oferta de escrever por aqui. Confesso que inicialmente não sabia sobre o que havia de escrever, mas, conhecendo-me bem, o mencionado dono sugeriu que eu falasse de livros, um tópico sobre o qual ele sabe que eu consigo falar incessantemente. Portanto cá estou eu pronto a falar provavelmente demasiado sobre uma escritora de que gosto muito: Jen Williams.

A primeira vez que contactei com a escritora em questão foi na rede anteriormente conhecida como Twitter no princípio de 2014. Sim, por vezes coisas boas vêm das redes sociais. Não me lembro qual de nós seguiu o outro primeiro, mas isso aconteceu e foi então que vi que ela estava a anunciar o lançamento do seu primeiro livro – The Copper Promise.

Tanto quanto percebo, a história tinha inicialmente sido autopublicada em 4 partes e, poucos meses depois de a conhecer, iria ser relançado por uma editora num volume só, com mais dois livros no futuro. Sinceramente, mesmo antes de saber sobre o que era a história, fiquei curioso. Tinha um dragão na capa, do que mais precisava eu de saber?

Como devem ter percebido pela última frase, sou fã de livros de fantasia, sempre fui e provavelmente sempre serei, e este livro saiu numa altura interessante. Lendo uma review que escrevi na altura (e é muito raro escrever reviews, por isso vejam o impacto que teve em mim), os livros de fantasia estariam a passar uma fase onde quase podiam ser confundidos com romance históricos, já que pareciam ter cada vez menos ter elementos fantásticos. Tirando a parte de se passarem noutros mundos e de, por vezes, terem referências a religiões que nunca existiram no mundo real, podíamos quase estar ler livros explorando a nossa própria história. Ou então, eu simplesmente andava a ler os livros errados.

A melhor descrição que posso arranjar para The Copper Promise, o primeiro livro da trilogia The Copper Cat, é que estamos perante um livro ao estilo da fantasia da velha guarda com um twist moderno. E por twist moderno, quero dizer que as pessoas falam como seres humanos e não actores numa feira medieval. 

Agora vamos à história em si!  Nesta aventura seguimos três personagens: Lord Frith, alguém que procura segredos proibidos para conseguir vingança, e os mercenários Wyrden e Sir Sebastian que irão tentar escoltar o nosso lord vingativo numa excursão à Cidadela, uma estrutura antiga que muitos dizem ser assombrada. O que é que pode correr mal? Muita coisa, na verdade! E é apenas o começo de uma aventura que poderá definir o futuro do mundo. Este livro tem tudo: acção, aventura, humor, um cheirinho de romance, magias proibidas, duelos de espadas, piratas e criaturas fantásticas. Ah, quase me esquecia de dizer que como uma boa aventura que é, este livro começa numa taberna. E como disse, é só o primeiro da trilogia! Dos outros dois, não vou falar de todo, por medo de acidentalmente largar spoilers. E, se o primeiro livro não parece interessante, provavelmente não estarão interessados nos seguintes.

Do que irei falar é do livro The Ninth Rain que saiu em 2017, o primeiro livro da segunda trilogia da autora., The Winnowing Flame. Esta história passa-se num mundo completamente diferente da primeira trilogia, onde há muitos anos a grande cidade de Ebora é uma joia resplandescente. Actualmente está completamente abandonada. O seu último sobrevivente, Tormalin, torna-se o guarda-costas de Vintage, uma exploradora/arqueóloga/aventureira., enquanto exploram um mundo cheio de criaturas grotescas saídas de pesadelos. Seguimos também Fell-Noon, uma feiticeira aprisionada numa ilha misteriosa rodeada de outras mulheres com poderes semelhantes. E morcegos gigantes! Não me podia esquecer de falar neles. Existem outras criaturas, mas vou deixar que o descubram por vocês próprios. Num à parte, esta é provavelmente a trilogia mais conhecida da autora, visto que o primeiro livro recebeu em 2018 o prémio de melhor fantasia nos British Fantasy Awards. E na minha humilde opinião, o segundo e terceiro livros são ainda melhores do que este.

Falando de alturas menos felizes, em 2021 estávamos todos fechados em casa a dada altura. E das poucas coisas que podíamos fazer para tentar combater a insanidade, era ler livros. Como mencionei acima e como já devem ter percebido, sou um leitor que aprecia os seus livros de fantasia. Mas livros de fantasia tendem a ser enormes e durante os confinamentos tornou-se difícil concentrar-me o suficiente para ler algo dessa magnitude. E comecei activamente a ler thrillers. Foi óptimo porque, para além de serem consideravelmente mais curtos, o seu ritmo acelerado e o suspense que vão criando fazem com que queiramos continuar a ler e a ver o que vem a seguir.

E porque estou eu a falar de thrillers, perguntam vocês. Porque em 2021 a Jen Williams lançou o seu primeiro thriller, A Dark and Secret Place (ou Dog Rose Dirt, dependendo de que lado do Atlântico foi publicado). Uma daquelas coincidências que não se inventam. Não, a sério que não fazia ideia que a autora ia lançar um thriller quando comecei a explorar o género. Sobre este livro não vou dizer quase nada mesmo porque se a premissa não vos agarra, nada o fará. É um livro onde a nossa personagem principal, Heather, descobre que a sua falecida mãe passou décadas a trocar correspondência com um infame assassino em série. Curiosos?

2023 foi um ano bom para fãs de Jen Williams já que lançou não um, mas dois livros! Games for Dead Girls, um thriller onde uma mulher, Charlie, tem de lidar com as consequências de um jogo em participou na sua infância que teve consequências mortais e confrontar os horrores traumáticos do seu passado.  

E Talonsister, um novo livro de fantasia, o primeiro de uma duologia (algo que não é muito comum) passado num mundo com grifos e muitas outras criaturas inspiradas por folclore britânico e cuja maior parte da acção se passa numa ilha claramente inspirada em parte do Reino Unido chamada. Brittletain Nele seguimos Leven, essencialmente uma supersoldado, cujo processo que tornou naquilo que ela é apagou as memórias do seu passado, Cillian, membro de uma raça que vive nas florestas selvagens Kaeto, um agente do Império que domina uma grande parte deste mundo, e Ynis, uma jovem que foi criada pelos grifos. Este livro tem um passo ligeiramente mais lento do que os outros livros de fantasia da autora, mas compensa muito. Embora eu seja um boca tendencioso já que este foi o meu livro favorito do ano passado.

O que nos traz a Abril de 2024, que curiosamente é quando estou a escrever isto, quando o novo livro da autora vai sair. The Hungry Dark vai ser mais um thriler que irá incluir homicídios macabros numa vila rural e uma vidente golpista à procura de respostas. Este ainda não posso com toda a certeza recomendar porque ainda não o li, mas já está encomendado! Embora tendo em conta os livros anteriores, não tenho dúvidas de que será mais uma bela leitura.

Se chegaram aqui, bem, primeiro que nada, obrigado por acompanharem os meus devaneios até ao fim, mas mais importante que isso é que muitos de vocês devem estar a pensar “porque é que este sujeito chato disse os títulos de todos os livros em inglês?” Excelente pergunta! E em relação a parte do chato...heh, é justo. 

Agora vem a má noticia: tanto quanto eu sei nenhum dos livros da Jen Williams foram publicados em Portugal, embora o Dark and Secret Place tenha sido publicado no Brasil com o título Flores da Morte. O que já não é mau. Alguns dos outros livros estão também traduzidos em alemão e espanhol.

Dito tudo isto, deverão mesmo assim tentar ler algo da autora? A minha opinião, caso ainda não tenha sido claro, é um retumbante sim! A escrita dela é bastante acessível, mesmo nos livros de fantasia, e penso que qualquer pessoa com um razoável domínio da língua inglesa conseguirá desfrutar das suas óptimas histórias.

Pronto, já disse o que tinha a dizer, já não vos chateio mais. Mais uma vez obrigado ao dono do estaminé e a vocês que leram até ao fim.

                                                                                         

Obrigado, Fábio.

Vemo-nos por aqui.

Férias compulsivas

Tms, 01.08.24

Chegámos a Agosto e, com ele, vem um merecido descanso de todas as minhas parvoíces. O texto que se segue é da autoria de Rui Esteves, um velho amigo cujo blog no chão da sala é tão bem escrito e engraçado, que me inspirou a começar a escrever este blog.

                                                                                         

Quem trabalha tem, de vez em quando, vontade de tirar umas férias. Ou, pelo menos, eu tenho. Infelizmente, nem sempre dá para o fazer quando me apetece, o que me faz procurar alternativas. Ligar a dizer que estou doente já não pega, porque posso trabalhar de casa na mesma.

No entanto… se calhar o caminho da saúde é o mais seguro. Está aí a chegar a altura de voltar à consulta de medicina do trabalho, e talvez dê para conseguir sair de lá com a avaliação “não apto”, e ter de fazer uma pausa até voltar a estar apto. O verdadeiro problema é não saber os parâmetros para conseguir essa avaliação. Dores de cabeça regulares? Na volta, precisas de óculos – apto! Dificuldade a deslocar-se? Canadianas ou, se for mais grave, cadeira de rodas ou teletrabalho permanente – apto! Caiu-me um braço? Irreal – apto!

Acho que a única forma é fingir que tenho um amigo imaginário e levá-lo comigo à consulta. Entro no consultório e puxo duas cadeiras, “sôtôr, aqui o Vítor quis vir comigo porque diz que não pergunto tudo o que devia”, e aponto para o lado. Depois, posso reagir a qualquer recomendação do médico olhando para a cadeira vazia e dizendo, “pois, era o que tinhas dito” ou “eu não disse que não era nada?” Para ter uma base sólida, posso começar a apresentar o Vítor aleatoriamente a colegas no escritório antes da consulta, assim se o médico telefonar a perguntar alguém lhe diz que, de facto, tenho um amigo imaginário. O truque é conseguir manter num nível leve, porque gostava de continuar a trabalhar depois das fér… período de baixa médica.

O Vítor acha que vale a pena arriscar.

                                                                                         

Obrigado, Rui.

Vemo-nos por aqui.