Já têm saudades dos meus textos tolos? Ainda vão ter de esperar mais um bocadinho... O texto desta semana é da autoria de Fábio Cardoso, um velho amigo e companheiro de escrita. Sempre que tenho uma ideia para um projecto louco, é com ele com quem vou falar para escrever e desenvolver a história! (como, por exemplo, o Projecto Zayin )
Ora viva, leitores. Primeiro que nada quero agradecer ao dono deste estaminé pela oferta de escrever por aqui. Confesso que inicialmente não sabia sobre o que havia de escrever, mas, conhecendo-me bem, o mencionado dono sugeriu que eu falasse de livros, um tópico sobre o qual ele sabe que eu consigo falar incessantemente. Portanto cá estou eu pronto a falar provavelmente demasiado sobre uma escritora de que gosto muito: Jen Williams.
A primeira vez que contactei com a escritora em questão foi na rede anteriormente conhecida como Twitter no princípio de 2014. Sim, por vezes coisas boas vêm das redes sociais. Não me lembro qual de nós seguiu o outro primeiro, mas isso aconteceu e foi então que vi que ela estava a anunciar o lançamento do seu primeiro livro – The Copper Promise.
Tanto quanto percebo, a história tinha inicialmente sido autopublicada em 4 partes e, poucos meses depois de a conhecer, iria ser relançado por uma editora num volume só, com mais dois livros no futuro. Sinceramente, mesmo antes de saber sobre o que era a história, fiquei curioso. Tinha um dragão na capa, do que mais precisava eu de saber?
Como devem ter percebido pela última frase, sou fã de livros de fantasia, sempre fui e provavelmente sempre serei, e este livro saiu numa altura interessante. Lendo uma review que escrevi na altura (e é muito raro escrever reviews, por isso vejam o impacto que teve em mim), os livros de fantasia estariam a passar uma fase onde quase podiam ser confundidos com romance históricos, já que pareciam ter cada vez menos ter elementos fantásticos. Tirando a parte de se passarem noutros mundos e de, por vezes, terem referências a religiões que nunca existiram no mundo real, podíamos quase estar ler livros explorando a nossa própria história. Ou então, eu simplesmente andava a ler os livros errados.
A melhor descrição que posso arranjar para The Copper Promise, o primeiro livro da trilogia The Copper Cat, é que estamos perante um livro ao estilo da fantasia da velha guarda com um twist moderno. E por twist moderno, quero dizer que as pessoas falam como seres humanos e não actores numa feira medieval.
Agora vamos à história em si! Nesta aventura seguimos três personagens: Lord Frith, alguém que procura segredos proibidos para conseguir vingança, e os mercenários Wyrden e Sir Sebastian que irão tentar escoltar o nosso lord vingativo numa excursão à Cidadela, uma estrutura antiga que muitos dizem ser assombrada. O que é que pode correr mal? Muita coisa, na verdade! E é apenas o começo de uma aventura que poderá definir o futuro do mundo. Este livro tem tudo: acção, aventura, humor, um cheirinho de romance, magias proibidas, duelos de espadas, piratas e criaturas fantásticas. Ah, quase me esquecia de dizer que como uma boa aventura que é, este livro começa numa taberna. E como disse, é só o primeiro da trilogia! Dos outros dois, não vou falar de todo, por medo de acidentalmente largar spoilers. E, se o primeiro livro não parece interessante, provavelmente não estarão interessados nos seguintes.
Do que irei falar é do livro The Ninth Rain que saiu em 2017, o primeiro livro da segunda trilogia da autora., The Winnowing Flame. Esta história passa-se num mundo completamente diferente da primeira trilogia, onde há muitos anos a grande cidade de Ebora é uma joia resplandescente. Actualmente está completamente abandonada. O seu último sobrevivente, Tormalin, torna-se o guarda-costas de Vintage, uma exploradora/arqueóloga/aventureira., enquanto exploram um mundo cheio de criaturas grotescas saídas de pesadelos. Seguimos também Fell-Noon, uma feiticeira aprisionada numa ilha misteriosa rodeada de outras mulheres com poderes semelhantes. E morcegos gigantes! Não me podia esquecer de falar neles. Existem outras criaturas, mas vou deixar que o descubram por vocês próprios. Num à parte, esta é provavelmente a trilogia mais conhecida da autora, visto que o primeiro livro recebeu em 2018 o prémio de melhor fantasia nos British Fantasy Awards. E na minha humilde opinião, o segundo e terceiro livros são ainda melhores do que este.
Falando de alturas menos felizes, em 2021 estávamos todos fechados em casa a dada altura. E das poucas coisas que podíamos fazer para tentar combater a insanidade, era ler livros. Como mencionei acima e como já devem ter percebido, sou um leitor que aprecia os seus livros de fantasia. Mas livros de fantasia tendem a ser enormes e durante os confinamentos tornou-se difícil concentrar-me o suficiente para ler algo dessa magnitude. E comecei activamente a ler thrillers. Foi óptimo porque, para além de serem consideravelmente mais curtos, o seu ritmo acelerado e o suspense que vão criando fazem com que queiramos continuar a ler e a ver o que vem a seguir.
E porque estou eu a falar de thrillers, perguntam vocês. Porque em 2021 a Jen Williams lançou o seu primeiro thriller, A Dark and Secret Place (ou Dog Rose Dirt, dependendo de que lado do Atlântico foi publicado). Uma daquelas coincidências que não se inventam. Não, a sério que não fazia ideia que a autora ia lançar um thriller quando comecei a explorar o género. Sobre este livro não vou dizer quase nada mesmo porque se a premissa não vos agarra, nada o fará. É um livro onde a nossa personagem principal, Heather, descobre que a sua falecida mãe passou décadas a trocar correspondência com um infame assassino em série. Curiosos?
2023 foi um ano bom para fãs de Jen Williams já que lançou não um, mas dois livros! Games for Dead Girls, um thriller onde uma mulher, Charlie, tem de lidar com as consequências de um jogo em participou na sua infância que teve consequências mortais e confrontar os horrores traumáticos do seu passado.
E Talonsister, um novo livro de fantasia, o primeiro de uma duologia (algo que não é muito comum) passado num mundo com grifos e muitas outras criaturas inspiradas por folclore britânico e cuja maior parte da acção se passa numa ilha claramente inspirada em parte do Reino Unido chamada. Brittletain Nele seguimos Leven, essencialmente uma supersoldado, cujo processo que tornou naquilo que ela é apagou as memórias do seu passado, Cillian, membro de uma raça que vive nas florestas selvagens Kaeto, um agente do Império que domina uma grande parte deste mundo, e Ynis, uma jovem que foi criada pelos grifos. Este livro tem um passo ligeiramente mais lento do que os outros livros de fantasia da autora, mas compensa muito. Embora eu seja um boca tendencioso já que este foi o meu livro favorito do ano passado.
O que nos traz a Abril de 2024, que curiosamente é quando estou a escrever isto, quando o novo livro da autora vai sair. The Hungry Dark vai ser mais um thriler que irá incluir homicídios macabros numa vila rural e uma vidente golpista à procura de respostas. Este ainda não posso com toda a certeza recomendar porque ainda não o li, mas já está encomendado! Embora tendo em conta os livros anteriores, não tenho dúvidas de que será mais uma bela leitura.
Se chegaram aqui, bem, primeiro que nada, obrigado por acompanharem os meus devaneios até ao fim, mas mais importante que isso é que muitos de vocês devem estar a pensar “porque é que este sujeito chato disse os títulos de todos os livros em inglês?” Excelente pergunta! E em relação a parte do chato...heh, é justo.
Agora vem a má noticia: tanto quanto eu sei nenhum dos livros da Jen Williams foram publicados em Portugal, embora o Dark and Secret Place tenha sido publicado no Brasil com o título Flores da Morte. O que já não é mau. Alguns dos outros livros estão também traduzidos em alemão e espanhol.
Dito tudo isto, deverão mesmo assim tentar ler algo da autora? A minha opinião, caso ainda não tenha sido claro, é um retumbante sim! A escrita dela é bastante acessível, mesmo nos livros de fantasia, e penso que qualquer pessoa com um razoável domínio da língua inglesa conseguirá desfrutar das suas óptimas histórias.
Pronto, já disse o que tinha a dizer, já não vos chateio mais. Mais uma vez obrigado ao dono do estaminé e a vocês que leram até ao fim.
Obrigado, Fábio.
Vemo-nos por aqui.