Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Impaciência Crónica

Crónicas quinzenais sobre temas diversos e profundos, mas mais pró leve.

Impaciência Crónica

Crónicas quinzenais sobre temas diversos e profundos, mas mais pró leve.

Crónica obrigatória de verão.

Tms, 15.07.24

De todos os desportos de verão, o ténis de praia é aquele que mais me fascina.

Ao observarmos quem joga ténis de praia, podemos verificar que há dois tipos de jogadores:

  • os jogadores cooperativos: têm como objectivo manter a bola no ar o maior tempo possível e, potencialmente, ultrapassar o recorde mundial de "toques" sucessivos! Atiram bolas fáceis para o adversário, para não interromper o fluir do jogo.
  • os jogadores competitivos: têm como objectivo ganhar o jogo e, idealmente, pôr o adversário a comer areia! Atiram bolas erráticas, com força, para dificultar que o adversário consiga chegar à bola.

Ambas as formas de abordar o jogo são igualmente válidas mas, evidentemente, contraditórias. Isto não deveria ser um problema, mas frequentemente o é, uma vez que os pares de jogo normalmente são formados por um jogador de cada tipo! Não é feita uma discussão prévia sobre o objectivo do jogo e ambos presumem o papel um do outro (colega ou adversário). Os dois estão a jogar o mesmo jogo mas, ao mesmo tempo, a jogar dois jogos muito diferentes (e nem o sabem).

Ao longo da vida, vamos também presumindo os papeis que os outros assumem. Podemos estar a competir com quem nos quer ajudar ou, inversamente, ver um colega em quem nos vê como um adversário. É muito difícil saber se os objectivos dos outros estão alinhados com os nossos e uma boa comunicação nem sempre é possível. 

Com sorte, conseguimos escolher as pessoas certas com quem jogar. 

Vemo-nos por aqui.

Isto foi escrito antes de morrer.

Tms, 01.07.24

Mas, claro, tudo o que escrevi foi antes de morrer, uma vez que não é possível manter a capacidade de escrita (ou qualquer outra) depois de falecer.

Não diria que penso muito na morte, mas acho que penso demasiado. O simples saber que não é possível saber quando será o meu ultimo dia inquieta-me. Desde adolescente que tenho a ideia (espero que infundada) de que não irei chegar a velho e, por isso, qualquer tosse ou espirro são avisos de um final próximo. "Queres ver que é desta?", penso logo. Mas eu não tenho a mania das doenças, não me interpretem mal!.. Tenho só a mania da morte.

Uma coisa que não ajuda é que, tanto quanto se sabe, não era para estarmos aqui. Nenhum de nós! Foram necessárias condições tão raras para este planeta permitir vida, que não se conhece mais nenhum planeta onde tenham ocorrido. Mas nem temos de ir tão longe: se os nossos pais não se tivessem conhecido, ou os pais deles, ou os seus avós, etc... nenhum de nós estava aqui! Se tivéssemos sido concebidos noutra altura, seriam outros óvulos, fecundados por outros espermatozóides... resultando noutras pessoa que não nós. A probabilidade de tudo se ter conjugado para estarmos aqui, os dois (eu a escrever e tu a ler), é tão baixa que pode ser considerada nula! Mas cá estamos e isso é, na minha opinião, espantoso!

Cada um de nós é uma improbabilidade viva, com a rara oportunidade de, durante um curtíssimo espaço de tempo (comparado com o tempo do universo) experienciar aquilo a que chamamos de vida. E rápido, que qualquer dia acaba.

Vemo-nos por aqui.